“Eu não mais luto contra o que sinto, pois já não sinto quase nada.” (Thúlio Jardim)
CANSEI DE MIM!!
Thúlio Jardim, 16/09/2007.
O que há de concreto neste mundo?
O que pode realmente ser tocado
E não só sentido?
Nas minhas mãos só vejo concreto virando farelo
Pouco sinto, nada pego, tudo se vai
Eu me abstraio
Mal me sinto
Eu não me sinto parte deste mundo
Imundo domicílio
Eu me sinto em parte em estado de luto
Por me sentir morrendo…
Estou me esquecendo de tudo
Enquanto sinto um mar de dor…
Eu pobre de vida, numa dor rica
Numa podre dor
Uma dor concreta
Que me despedaçou
Uma dor cavada no meu peito
Que afundou o meu coração
Um farelo de amor pela vida
Um pedaço de mau caminho que não vou mais seguir
Eu não mais luto contra o que sinto
Pois já não sinto quase nada
Estou em um caminho esburacado
Que não consigo acimentar
Estou em um caminho acidentado
Que veio para me descimentar
Em um caminho ruim estou
Soterrado por farelos que dão espaço a restos de plantas
Que vejo se decomporem
Não vejo, depois, mais nada por ali
Só há farelos de vida
Um ar concretamente inerte, sem vida
Um sol que mata
Uma água que só é vapor
Não vejo vidas, não há uma linha de vida ali
Nem sequer uma tênue linha
Não vejo um espelho de água
Nem me vejo
Cansei!
Não estou cansado por exaustão
Estou cansado é com esta situação
Não cansei de não descansar
Cansei é de viver descansado na solidão
Cansei de mim‼
Eu parado neste lugar, sem sentir meus pés num chão firme
Acho que vou me decompor
Não sinto, neste momento, dor alguma
Acho que me vou
Acho que não há mais sentido algum
Em eu ficar vivendo
Serei parte desta paisagem
Mas não de corpo inteiro
Serei eu um farelo de nada
Serei desprovido de tudo
Serei só farelo de nada
Sobre mim concreto nenhum.
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